Última vez aos 14

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Essa noite eu sonhei com o som da última vez que te ouvi chegar
Descalço fui, corri pro portão, e te abracei como nunca mais
te abraçaria ou veria sorrir ao me contar os teus sonhos, vivaz.
No dia seguinte tapei ouvidos, mas não impediu que eu perdesse os
sentidos;
em queda livre perdi o chão, um salto no abismo, na escuridão
Por que você se foi pra sempre sem dizer aonde?
Te sinto em coisas, em sins e nãos; busco teu espelho pra me enxergar;
eu sigo teus passos por outros chãos, e vivo na dor do impossível te
encontrar
Anos passaram e eu sonhei com o som da última vez que te ouvi chegar
e vivo a lembrar “dois vezes sete” a saber, a lição amarga nessa idade
perder
o exemplo, o tempo, o meu porto – Meu Deus!
o fulcro, o equilíbrio, o motivo por que…
A força mais forte que eu quis conhecer, nunca foi justo desaparecer
E por que, pra sempre, vou ter que seguir sem teus ombros?
Eu só queria correr outra vez pro portão, descalço, e te abraçar,
pra te ver, te ouvir outra vez, todos teus sonhos, tão vivaz.
Eu só queria correr outra vez pro portão, descalço, e te abraçar
E por que pra sempre vou ter que seguir sem você, pai?